Carta 1

Ei Jen,

Não vou começar esta carta perguntando como você está, afinal, nos despedidos no aeroporto há menos de 2 dias atrás e andei rastreando seu voo e sei que ele não caiu em alto mar, então acho que você está ok.

Espero que tudo esteja saindo conforme você tinha planejado e que tudo ai nas Filipinas seja tão bonito quanto a gente imaginava que fosse; as cores das casas, o rosto das crianças, o cheiro que exala pelo ar...
Ficar imaginando o que você encontraria tinha virado nosso passa tempo favorito, lembra?!

Por aqui ainda não aconteceu nada de interessante, que valha a pena ser mencionado nesta carta, a não ser o fato de deixar seu quarto mais tempo aberto do que já vi você deixando-o em anos e que o Jorge não gosta daquela marca ruim de comida de gato que você dava pra ele.
Troquei e ele tá feliz da vida.

Estou nesse exato momento sentada no tapete da sala, segurando o computador no colo e me obrigando a não dizer que sinto sua falta.
Nosso ritual dos domingos à noite não tem o menor sentido sem você!
Não consigo ficar dizendo pra mim mesma em voz alta tudo que espero que a semana me proporcione, apesar de ter te prometido que faria. Parece loucura demais.
Então, resolvi que pelas próximas 30 semanas farei meu próprio ritual, te escrevendo uma carta a cada semana, esperando que assim elas passem mais depressa e tragam minha companheira de apartamento e melhor amiga mais rápido também.

Andei pesquisando e descobri que o sistema de correio por ai é bem falho, e que talvez as cartas não cheguem toda semana, Vou numera-las, assim você não perde a ordem dos fatos e mantemos tudo organizado.

Você sabe que eu odeio bagunça.

Sinto sua falta,

Sofie.